O autorretrato deixou de ser exclusividade de pintores e outros artistas e passou a fazer parte do cotidiano dos usuários de diversas redes sociais
No quarto, na academia, na escola e até mesmo no banheiro, todo lugar é lugar para se tirar uma selfie. Escolhida como palavra do ano de 2013 pelos organizadores do dicionário Oxford, o termo “selfie” surgiu de self-portrait, termo inglês para autorretrato. Retratar a si mesmo tornou-se costume entre pintores renascentistas e ficou cada vez mais frequente entre artistas a partir do século XIX, como Vincent Van Gogh.A mania de tirar fotos de si mesmo para divulgar em redes sociais foi crescendo juntamente com a popularização dos smartphones e da internet móvel, e dominou a web nos últimos meses.
A selfie se consolidou em definitivo após a foto tirada na cerimônia de entrega do Oscar pela apresentadora Ellen DeGeneres, junto com grandes estrelas de Hollywood, que bateu recordes de compartilhamentos em várias redes sociais. A alta frequência de aparecimento das selfies é vista constantemente como um fenômeno que reflete o desenvolvimento (ou a falta de) das características e perspectivas singulares das novas gerações nascidas e criadas no século XXI e conectadas ao mundo digital prematuramente.
Foto: Ellen DeGeneres
Nessa nova década, onde as relações humanas se tornam cada vez mais estreitas e frágeis, e onde as dificuldades de aceitação e autoafirmação estão permanentemente rodeando quem convive com essa realidade, a selfie surge com certa dualidade. Ao mesmo tempo em que pode interferir positivamente na vida de seus adeptos, colaborando para o desenvolvimento de personalidades e na construção de uma autoestima saudável para grande parte das pessoas, a linha entre o amor próprio e o egocentrismo é tênue. A intensidade do hábito é o que difere uma boa autoimagem de uma compulsão por compartilhar-se com o mundo diariamente.
Mariana Fraga
Serviço: As selfies podem ser encontradas por toda a internet, em particular na rede social Instagram, a partir da hashtag “selfie”