Grupo de teatro de Ponta Grossa traz para o Fenata a história da “Santinha dos Campos Gerais”
A peça ‘Súplicas’, do grupo Paré de Teatro, é uma peça baseada na história real de Corina Portugal, uma mulher que foi assassinada pelo marido, motivado pelo ciúme. A história data do século XIX, o que foi muito bem caracterizado pelas vestes e falas dos personagens.
‘Súplicas’ foi inspirada em livro e cordel que contam a história de Corina e seu marido, Alfredo. A personagem é conhecida como a “Santinha dos Campos Gerais”, a quem fiéis católicos, ainda hoje, atribuem milagres.
Foto: Nicolas Pedroso Salazar (Divulgação)
Com algumas adaptações, como a inclusão de uma empregada no enredo, a peça tem início em clima de tensão. Poucas luzes, cenário simplificado e atuação de somente quatro atores foram suficientes para cativar a atenção do público.
Logo na entrada do público no Auditório da Reitoria do Campus Central da UEPG, o ator, que faz o papel de Alfredo, já estava posicionado no centro do palco. Uma nuvem de fumaça produzia uma atmosfera sombria, reforçada pela música.
A trama é envolvente. A fé e amor de Corina pelo marido, por sua recuperação e ascensão é mostrada constantemente. O caráter bipolar e dominador de Alfredo também se mostra ao longo de toda a peça.
A empregada, Adelaide, que não faz parte da história, serviu como uma ponte da história com o presente. Adelaide falava frases que, notadamente, fazem mais referência aos tempos de hoje – em especial à luta das mulheres – do que ao cenário da época.
Foto: Nicolas Pedroso Salazar (Divulgação)
A trilha sonora que acompanhou a peça também agradou. O momento mais emocionante, quando Alfredo mata Corina, teve ao fundo a música ‘Contentesa’. Essa foi a campeã do Festival Universitário da Canção (FUC) de 2015.
Embora desse para ouvir, o som não chegava claro para quem estava ao fundo do auditório pela acústica inadequada. Já a postura dos atores foi correta, com alguns deslizes ao passarem muito tempo de costas para público, dificultando ainda mais o entendimento do que falavam.
Outro ponto a salientar é relativo à linguagem. Por ser uma peça de época, o uso verbal deveria ser diferente da língua padrão atual. Entretanto, isso escapou, em alguns momentos, como quando um dos personagens disse “a gente” e não “nós”.
Ao focar a violência de que foi vítima Corina Portugal, o enredo mostra que a história, infelizmente, é um passado que não está tão distante assim da realidade vivenciada, ainda hoje, por muitas mulheres.
Serviço
Adaptação baseada no livro “Histórias de sangue e luz”, de Josué Corrêa Fernandes, e no cordel literário “A santinha dos Campos Gerais”, de Eno Teodoro Wanke.
Texto: Roberto Siemieniaco
Direção coletiva
Elenco: Ana Baldani, Amanda Oliveira, Eduardo Godoy e Roberto Siemieniaco.
Trilha sonora: Gabriela Gambassi.
Duração: 70 minutos.
Classificação: 16 anos.
Thanile Ratti