Archive for ‘Em Cena’

13/11/2015

Um passado nem tão distante

fenata_logo_reduz_1

Grupo de teatro de Ponta Grossa traz para o Fenata a história da “Santinha dos Campos Gerais”

A peça ‘Súplicas’, do grupo Paré de Teatro, é uma peça baseada na história real de Corina Portugal, uma mulher que foi assassinada pelo marido, motivado pelo ciúme. A história data do século XIX, o que foi muito bem caracterizado pelas vestes e falas dos personagens.

‘Súplicas’ foi inspirada em livro e cordel que contam a história de Corina e seu marido, Alfredo. A personagem é conhecida como a “Santinha dos Campos Gerais”, a quem fiéis católicos, ainda hoje, atribuem milagres.

suplicas1

Foto: Nicolas Pedroso Salazar (Divulgação)

Com algumas adaptações, como a inclusão de uma empregada no enredo, a peça tem início em clima de tensão. Poucas luzes, cenário simplificado e atuação de somente quatro atores foram suficientes para cativar a atenção do público.

Logo na entrada do público no Auditório da Reitoria do Campus Central da UEPG, o ator, que faz o papel de Alfredo, já estava posicionado no centro do palco. Uma nuvem de fumaça produzia uma atmosfera sombria, reforçada pela música.

A trama é envolvente. A fé e amor de Corina pelo marido, por sua recuperação e ascensão é mostrada constantemente. O caráter bipolar e dominador de Alfredo também se mostra ao longo de toda a peça.

A empregada, Adelaide, que não faz parte da história, serviu como uma ponte da história com o presente. Adelaide falava frases que, notadamente, fazem mais referência aos tempos de hoje – em especial à luta das mulheres – do que ao cenário da época.

suplicas

Foto: Nicolas Pedroso Salazar (Divulgação)

A trilha sonora que acompanhou a peça também agradou. O momento mais emocionante, quando Alfredo mata Corina, teve ao fundo a música ‘Contentesa’. Essa foi a  campeã do Festival Universitário da Canção (FUC) de 2015.

Embora desse para ouvir, o som não chegava claro para quem estava ao fundo do auditório pela acústica inadequada. Já a postura dos atores foi correta, com alguns deslizes ao passarem muito tempo de costas para público, dificultando ainda mais o entendimento do que falavam.

Outro ponto a salientar é relativo à linguagem. Por ser uma peça de época, o uso verbal deveria ser diferente da língua padrão atual. Entretanto, isso escapou, em alguns momentos, como quando um dos personagens disse “a gente” e não “nós”.

Ao focar a violência de que foi vítima Corina Portugal, o enredo mostra que a história, infelizmente, é um passado que não está tão distante assim da realidade vivenciada, ainda hoje, por muitas mulheres.

Serviço

Adaptação baseada no livro “Histórias de sangue e luz”, de Josué Corrêa Fernandes, e no cordel literário “A santinha dos Campos Gerais”, de Eno Teodoro Wanke.
Texto: Roberto Siemieniaco
Direção coletiva
Elenco: Ana Baldani, Amanda Oliveira, Eduardo Godoy e Roberto Siemieniaco.
Trilha sonora: Gabriela Gambassi.
Duração: 70 minutos.
Classificação: 16 anos.

Thanile Ratti

23/11/2014

Diva não tão diva assim

em-cena

Divas no divã mostra em uma sessão de terapia que ser mulher não tem nada de tão divo assim

A peça Divas no divã foi escrita e estrelada pela atriz Chris Linnares. Ela conta os dramas da vida de uma mulher, que apesar de ter um bom emprego e ser bem sucedida, vive muitas frustrações em seu universo feminino, sonhando diariamente em se tornar uma atriz famosa e poderosa.

Além da personagem central da peça, que em certos momentos parece ser um monólogo, também há o personagem do professor da mulher. Ele é realmente irritante com seu sotaque francês forçado, mas ao mesmo tempo engraçado. A peça indica que as tristezas e frustrações da vida da personagem são responsabilidade desse professor, que praticava bullying com ela na época da escola.

Foto: Divulgação

Divas no divã conta com muitas idas e voltas temporais. O passado da personagem é peça principal da história e é retomado toda hora durante a sessão de terapia, que é onde a mulher desabafa seus problemas amorosos, sociais e escolares do passado. A personagem interage bastante com o público, anda pelo teatro, dando dinâmica para a peça.

A peça é uma comédia clássica, com piadas da personagem com sua própria desgraça. Os efeitos sonoros são constantemente usados e ajudam a dar o clima descontraído de Divas no divã. Além disso, o figurino é bem diversificado e o cenário um pouco simplório, mas nada que atrapalhe no entendimento do que se busca transmitir.

Kamila Vintureli

29/09/2014

Peça teatral tenta remontar o mundo além da morte

em-cena

Em quatro paredes duas mulheres e um homem se autotorturam em um inferno psicológico

Na noite do dia 25 de setembro o Cine-Teatro Ópera traz cena teatral para fazer seu público refletir sobre a morte e o inferno. A peça “Entre Quatro Paredes” teve na plateia menos de dez pessoas- as quais pagavam R$10,00 a entrada e R$5,00 meia entrada,  que tiveram a oportunidade de assistir um teatro com elenco simples porém com interpretação e texto sofisticados. Na direção de Emerson Rechenberg e texto de Jean- Paul Sartre.

A peça começa com um mordomo trazendo um homem em um aposento com três sofás e uma estátua de bronze. O local tinha paredes, jogo de luzes vermelhas porém menos portas, o qual era o inferno. No inicio da cena o homem que estava morto e que chega ao inferno diz ao mordomo de forma irônica “onde estão as estacas?”. O personagem que quando vivo trabalhara em um jornal como publicitário fora morto com tiros. Entram em cena mais duas mulheres, uma trabalhava em um correio e tinha paixão por mulheres loiras já a outra era uma burguesa que quando viva brincava com o coração dos homens.

Os personagens tentam falhamente fazer coisas que faziam quando era vivo, exemplo ter e refletir sobre um espelho. Os três terão que passar a eternidade juntos se aturando com as suas diferenças e remoendo lembranças de suas vidas na terra, sentados em três sofás, um negro, um verde e outro bordô. O teatro é produzido através do Edital de Apoio a Espetáculos Teatrais – 2014 do Município de Ponta Grossa.

Vale a pena assistir este clássico do escritor francês que trabalhava com causas da sociedade em suas obras, e que em 1964 ganhara o Nebel de Literatura, mas se recusou a aceitar.

Nilson de Paula

Serviço:

A peça “Entre Quatro Paredes” está em cartaz até o dia 05 de outubro. De Quinta a Domingo a partir das 20h30.

A entrada varia de 5 a 10 reais.

Etiquetas:
04/08/2014

Entre a salvação e a perdição

           em cena

           A segunda edição da Mostra de Teatro Independente (MOTIN), que ocorreu entre os dias 14 a 30 de julho, contou com apresentações de grupos e companhias de teatro que desenvolvem suas atividades de forma independente. As peças apresentadas fazem parte das provas públicas dos módulos do Curso de Teatro promovido pela Casa de Artes Helena Kolody.
Uma das peças que compõe a programação da Mostra, é O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna.            

           A história é do Eurico, um devoto de Santo Antônio que esconde em sua casa uma porca cheia de dinheiro. A apresentação chamou e prendeu a atenção do público que estava presente no Cine Teatro Ópera no último sábado.
           Apesar de seu caráter engraçado, a peça transmite através de uma abordagem crítica, a relação entre o mundo espiritual e o mundo material, representado na figura do personagem Eurico. Sua devoção a Santo Antônio mostra o seu lado religioso e espiritual, em contradição com a figura da porca, objeto de “perdição” de Eurico que revela seu lado profano e avarento.

 

Barbara Akemi

Serviço:

Apresentações:

14 a 21/07 – 19h

23 a 30/07 – 19h

Extras: 19, 20, 26 e 27 – 15h

Local: Cine Teatro Ópera

Ingressos: R$10,00 (inteira)

R$ 5,00 (meia) – para estudantes, professores, doadores de sangue e 3ª idade.

20/06/2014

Jazz, sanfona e uma volta ao mundo

em cena

Lançando novo seu CD, Marcelo Cigano e Quarteto trazem influências e composições de diversos lugares do mundo

            Última cidade da turnê feita pelo Estado do Paraná, Ponta Grossa sediou na última sexta-feira (13) a apresentação de Marcelo Cigano e Quarteto. A apresentação aconteceu no Centro de Cultura da cidade e trouxe influências de compositores do mundo todo nas 12 músicas tocadas na noite.

            Os músicos de Curitiba só falaram com o público, que ia de crianças a idosos, entre a segunda e a terceira música, mas isso não interferiu na boa apresentação. O que chamou mais atenção entre as apresentações foi o jogo de sons feito pelo baterista Graciliano Zambonin e as participações especiais.

            Na quinta música, Marcelo Cigano, que estava sentado no meio e no centro do palco, chamou o gaiteiro pontagrossensse Leonardo Santos para uma participação especial. Leonardo fez alguns destaques com a gaita e mostrou segurança, o que deixou as músicas em que participou com bastante harmonia com os demais instrumentos (baixo elétrico, guitarra, teclado e sanfona).

karin

            Foto: André Jonsson/Lente Quente

O destaque da noite, porém, foi o filho de Marcelo, Winícius Luiz de 11 anos. Winícius entrou na sétima música para uma participação especial, tocando sanfona ao lado do pai e desde o momento em que apareceu conseguiu a máxima concentração do público. Em momentos da música o garoto tocou apenas com o som da sanfona de Marcelo e do teclado de Alfredo Luiz, avô do garoto e parte do Quarteto.

            A apresentação durou um pouco mais de uma hora e incialmente teria apenas 11 músicas. No final, os músicos se reuniram para o agradecimento e foram aplaudidos em pé e com direito a um coro de “mais um!”.

Serviço:

CD: Marcelo Cigano e Quarteto à venda pela internet e lojas de disco

Show: Marcelo Cigano e Quarteto – informações: facebook.com/marcelosanfoneirocigano

karin Del Nóbile

05/06/2014

De volta ao passado

em cena

Coro Cidade de Ponta Grossa convida o público para uma “Conversa de Botequim”

     Foi com “Carinhoso”, de Pixinguinha, que o Coro Cidade de Ponta Grossa iniciou a noite de estreia do espetáculo “Conversa de Botequim”. Os 19 artistas, acompanhados de 3 músicos, preencheram o palco do Cine Teatro Ópera.

     A atmosfera criada no espetáculo caracteriza um ambiente que lembra muito aos anos 20 e 30, podendo ser observada na troca cenários e na caracterização dos artistas. Os intérpretes do Coro mostraram não só talento como cantores, mas também como atores, já que houve a criação de personagens de cada um dos membros da encenação.

leo

     A peça se mostrou ainda criativa, na troca de figurino ao som de “Com que roupa?” e na paralisação dos integrantes do Coro ao final de cada música. Um ponto positivo também é que o evento foi gratuito, o que é inusitado para a boa qualidade da produção.

     Na interpretação de “O teu cabelo não nega”, as vozes femininas sobrepuseram as masculinas, que não puderam ser ouvidas. O grande número de pessoas no palco, por vezes, deixava a peça bagunçada, mas nada que comprometesse a apresentação.

     O público, que não chegou a lotar o teatro, se mostrou satisfeito com o que viu e, ao final, aplaudiu o grupo de pé.

 Leonardo Mordhost

Serviço: O Coro Cidade de Ponta Grossa fará 4 apresentações gratuitas de “Conversa de Botequim” no mês de junho. Mais informações podem ser encontradas em https://www.facebook.com/corocidadedepontagrossa.

05/05/2014

Eurípides nos tempos atuais

em-cena

Escola cênica encena uma peça antiga que reforça certas discussões modernas

Quem adentrava ao auditório do Centro de Cultura logo se assustava com os atores inertes ao lado das portas. Esperavam o início da peça com as vestimentas cobrindo os corpos, afligindo e despertando curiosidade aos espectadores. No palco, atores que mais pareciam estátuas, distribuídos simetricamente. Os personagens característicos da antiga Grécia – quem nunca imaginou como eram os tempos de Aristóteles, Sófocles e Platão? – dispostos em imagens no recinto. Assim estava o clima antes da apresentação do Centro de Estudos Cênicos Integrados (CECI), prestes a encenar o famoso drama Electra, de Eurípides, escrito aproximadamente em 413 a.C.

O amor familiar e suas consequências sempre fizeram parte de nossas preocupações – Freud explica! – por isso alguns pensamentos gregos antigos são tão atuais – Freud salienta isso também. A história inicia com o sacrifício de Ifigênia pelo pai, o general Agamenon, a fim de agradar a deusa Ártemis. As consequências desse ato proporcionam uma irreversível desestruturação familiar, algo que exige uma atuação certeira na raiva e angústia, visível na apresentação do grupo. Porém algumas falas saíram com certa dificuldade, nada muito grave, afinal os diálogos desse romance especificamente, e das peças antigas de qualquer gênero, são demasiados complexos.

Foto: Internet

            Outro aspecto interessante foi a dinâmica da peça. Os atores corriam por todos os lados do auditório, argumentando suas falas ao lado, atrás, e na frente do espectador. Isso despertava uma sensação de inserção do público à história. Alguns podem ter reclamado de torcicolo, mas o que importa foi a intenção. Explicado os corpos inertes ao lado das portas, que, quando envolvidos na peça, assustavam quem estava por perto. O palco foi usado meramente para as danças, com seus movimentos plásticos, dignas da cultura grega.

Uma peça tão distante no espaço-tempo complica a absorção do clima da época. Nisso até as grandes indústrias cinematográficas tem dificuldade para desenvolver. Afinal até o método do pensar dos antigos povos é estranho para os atuais. Porém o importante é salientar as nossas pequenas semelhanças e enriquecer o acervo cultural que nos conectam. Tendo isso em mente, o entretenimento naturalmente vem. A intenção dos estudantes do CECI nesse ponto acertou em cheio, desenvolvendo um ambiente que não deve ser esquecido nunca.

Matheus Pileque

Serviço: a peça foi encenada no dia 05 de abril, pelo Festival Teatro e Circo em Festa.

24/04/2014

Armados de voz e texto

em-cena

Casa de Artes Helena Kolody organiza o 2º Ciclo de Leituras Dramáticas em Ponta Grossa

A leitura dramática funciona como um ensaio aberto ao púbico, no Cine-Teatro-Ópera, palco B. O elenco, vestindo trajes pretos, não tem total intimidade e domínio do texto abordado, durante a apresentação os atores cometem pequenos deslizes, trocando personagens e palavras. Independente da estética e estilística imprimida na montagem, a leitura proporciona experimentação do ator, pois a carga dramática surge da entonação vocal e de gestos exercidos ao longo do espetáculo.

Não há marcações, toda a movimentação que ocorre no tablado é espontânea e feita de improviso. Sem um cenário elaborado, quem encena é obrigado a cativar os espectadores pela voz. Armados apenas com algumas folhas de papel, onde acompanham atentamente o decorrer das frases que fazem o script. Quase não existe espaço para expressões faciais e gestos, pois durante a leitura os rostos dos atores estão voltados a matriz primordial do teatro, o texto.

O que rege a trama é a voz humana, portanto, a realidade forma-se no imaginário da plateia pela capacidade dos artistas de imprimir percepções. A prática experimenta o intérprete e consiste em uma relação de estreitamento, entre aquilo que é dito no palco, preenchido pelo reflexo das assimilações do público.

O experimento vai além da atuação. A Casa de Artes Helena Kolody, visando futuras montagens, coloca em cheque o texto a partir das recepções vindas da platéia.

Lucas Feld

Serviço: Este ano as leituras acontecem toda primeira quarta-feira do mês, no Cine-Teatro-Ópera (B).

22/04/2014

Chaplin e o “Pontagrossês”

em-cena

Canal no youtube valoriza linguagem da região com versão de cinema mudo.

O canal no youtube “Sérgio Baroncinni” é de um advogado de Ponta Grossa que faz humor com gírias e com a linguagem diferente que só o povo da cidade de PG consegue entender. chaplin

Foto: Divulgação

Normalmente seus vídeos são curtos, mostram paisagens e cenários locais já conhecidos pela população, tendo como base o livro “Jacu Rabudo”, do escritor Hein Leonards Bowles, de onde são retirados as palavras e gírias locais usadas nos vídeos.

Em seu último vídeo, Sérgio Baron e sua equipe fazem uma réplica do cinema mudo, com imagens em preto e branco, uma música dando ritmo a cena e legendas explicando cada fala.  A produção denominada “Pontagressês – Acertei na milhar” começa com ele caracterizado como Charles Chaplin, em seu personagem Alfredo, que aparece no fundo da Estação Saudade, de onde se desloca até a praça da catedral para encontrar-se com Etelvina, personagem de Valéria Chafranski. Lá ocorre um dialogo entre os personagens, onde o cavalheiro conta para dama que acertou no “bicho” e a pede em casamento, sempre na linguagem peculiar da região de PG.

Entretanto, há uma discussão entre os dois. Quando Etelvina diz que vai pensar se casa ou não, Alfredo a deixa sozinha na praça e vai jogar sinuca ou “esnuque”, como é denominado no vídeo, no bar do Daminha. Na cena seguinte, Etelvina busca Alfredo no bar e enfim casam-se. O vídeo termina com os dois entrando em um carro do início do século XX, aonde vão para a lua de mel. O vídeo mostrou-se regular e coerente em relação à proposta de cinema mudo, articulando bem com a linguagem da região de Ponta Grossa.

Marcelo Ribas

Serviço: Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCqhL9JG92PaETCquV61IWvg

Ou na fan page: https://www.facebook.com/BaronciniBaron

11/04/2014

O humor trágico-realista de Clarice sobe ao palco

em-cena

“A Hora da Estrela” conta uma história de vida simples, mas de fácil compreensão

Quem entrava no grande auditório da UEPG na noite desta terça-feira, 8, encontrava cerca de dez jovens atores em pé, com os olhares fixos à plateia, que se acomodava nas confortáveis poltronas do local. A grande fila na porta de entrada indicava que a “casa” estaria cheia – e que o espetáculo começaria com alguns minutos de atraso. Nada que incomodasse os talentosos integrantes do Centro de Estudos Cênicos Integrados (CECI), em sua maioria estudantes do ensino médio.

Após a iluminação se restringir ao palco e o silêncio tomar conta do local, um breve monólogo sinalizava o início da atração. “A Hora da Estrela” é uma adaptação do conto de Clarice Lispector, renomada escritora cada vez mais popular entre jovens por conta de seus versos, que vão de ponderações sobre relacionamentos a dramas e conflitos de “mulher crescida”. A peça conta a história de Macabea, uma órfã humilde. Por ser muito ingênua, a jovem sofre no trabalho, na vida social e em seu relacionamento com o metalúrgico Olímpico de Jesus. Sua melhor (e talvez única) fonte de informação é seu radinho de pilha.

a hora da estrela   Foto: CECI

                Este, inclusive, foi responsável por arrancar muitas risadas do público. O anunciante e suas dançarinas aproveitaram com maestria a principal vantagem do teatro sobre o rádio: a imagem. A interpretação visual oferecia uma nova dimensão e multiplicavam o efeito cômico das piadas – ainda que muitas já fossem batidas – e das “frases de sabedoria”. O ponto negativo desse elemento da peça fica por conta da falta de sincronia entre as dançarinas: a disparidade técnica entre uma e outra era clara. Nada que prejudicasse a qualidade geral da peça: todos os outros atores eram extremamente eloquentes e pareciam fazer teatro há anos, com destaque para a intérprete de Macabea. No entanto, a “Clarice” da peça, que fazia comentários em intervalos, estava trajada de forma muito provocativa, o que descaracterizava um pouco a autora – também pelo fato da atriz ser uma bela jovem.

Por vezes os atores falavam baixo e a iluminação errava o foco. Erros perceptíveis, mas que não tiraram o brilho de uma ótima peça teatral, com um enredo envolvente e personagens memoráveis; Mesmo quem não era familiar com as obras de Clarice se divertiu com a peça dos talentosos jovens que subiram ao palco na noite passada.

Felipe Deliberaes

Serviço: A peça “A Hora da Estrela” aconteceu às 20h do dia 8 de abril, no Grande Auditório do Campus Central da UEPG. O Centro de Estudos Cênicos Integrados localiza-se na rua Dr. Colares.